quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pessoal, boa noite! Estou lançando uma série de textos aqui no blog que se chama "Textos Ocultos", que fogem um pouco do que já escrevi aqui. Tentarei desenvolver algumas histórias ficticias, principalmente de suspense (o gênero que me levou a escrever). Aqui vai o primeiro deles:




“RÉQUIEM”




Andando em meio à escuridão ele procura aquela pessoa que já foi um dia, alegre, admirado, inteligente, mas não encontra.
Passando por um barulho ensurdecedor de lamúrias e dor, consegue, apenas visualizar uma pobre alma jogada, suja e com lágrimas nos olhos, como se pedisse ajuda.
Aquela cena o comove e ele resolve levantar aquela pobre alma e trocar duas ou três palavras com ela para tentar ajudar de alguma maneira.
Qual não é a sua surpresa quando ele percebe que aquela alma nada mais é do que a pessoa que ele estaria procurando. Nada mais era do que ele próprio, ou melhor, o que ele havia se tornado. Ao redor da pobre alma estavam várias imagens, distorcidas, de pessoas que ele conhecera outrora. Pessoas que amavam e que lhe tinham amado. Pareciam chorar algumas, outras demonstravam estar em paz. A alma olhava aquelas pessoas e tentava toca-las, mas não conseguia. Nem o choro conseguia ser proferido, apenas um gemido frio e sem sentido saía de sua boca. Sem dúvida aquilo machucava muito a pobre alma, pois, ela podia perceber que aqueles a quem um dia amou não poderiam mais ser alcançados e que ele estava totalmente sozinho, mesmo rodeado.
Nesse momento o homem prostrou-se diante da alma e pode olhar no fundo dos seus olhos. Tudo então fazia sentido! Ele conseguiu ver um vídeo dos últimos momentos de sua vida através dos olhos daquela pobre alma. Percebera, mais, que estava ali, pois tirara sua própria vida e agora estava colhendo os frutos de seu ato impensado e desesperado.
Com uma arma na mão dera um tiro na cabeça e fugira do sofrimento que o assolava, mas não conseguira perceber que iria para aquele lugar pútrido é fétido e que o sofrimento “post mortem” poderia ser bem pior.
Mas era tarde demais para arrependimentos e aqueles que guardavam aquele lugar vieram, por fim, busca-lo para que pudesse encontrar a sua vida de punições a que ele mesmo se submetera.
Chegando perto do mar de fogo em que ia ser jogado ele sentiu algo tocar seu braço com força, sua vista ficou turva e ele percebera que, em meio a tudo aquilo, tudo não passava de um sonho, um transe psicótico que ele mergulhou quando estava com a arma engatilhada, virada para sua cabeça.
Quando acordou procurou em volta a mão que havia puxado seu braço, mas tudo o que pode ver foi uma poça de lágrimas abaixo de seu queixo e o quarto vazio que fora seu companheiro durante quase toda uma vida.
Ainda que tudo aquilo fosse inexplicável, ou seja, quem teria segurado seu braço, ele sabia que tudo aquilo deveria ter uma explicação e a explicação era a seguinte: “Ele tinha uma segunda chance de fazer as coisas diferentes”. Mais que isso, ele sabia que nenhuma dor se compararia aquilo            que ele havia presenciado em seu sonho.
Nesse momento ele desmuniciou a arma, enxugou as lágrimas, abriu a janela e, pela primeira vez na sua vida pode ver a luz do Sol e as cores do mundo.


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