Pessoal, boa noite! Estou lançando uma série de textos aqui no blog que se chama "Textos Ocultos", que fogem um pouco do que já escrevi aqui. Tentarei desenvolver algumas histórias ficticias, principalmente de suspense (o gênero que me levou a escrever). Aqui vai o primeiro deles:
“RÉQUIEM”
Andando
em meio à escuridão ele procura aquela pessoa que já foi um dia, alegre,
admirado, inteligente, mas não encontra.
Passando
por um barulho ensurdecedor de lamúrias e dor, consegue, apenas visualizar uma
pobre alma jogada, suja e com lágrimas nos olhos, como se pedisse ajuda.
Aquela
cena o comove e ele resolve levantar aquela pobre alma e trocar duas ou três
palavras com ela para tentar ajudar de alguma maneira.
Qual
não é a sua surpresa quando ele percebe que aquela alma nada mais é do que a
pessoa que ele estaria procurando. Nada mais era do que ele próprio, ou melhor,
o que ele havia se tornado. Ao redor da pobre alma estavam várias imagens,
distorcidas, de pessoas que ele conhecera outrora. Pessoas que amavam e que lhe
tinham amado. Pareciam chorar algumas, outras demonstravam estar em paz. A alma
olhava aquelas pessoas e tentava toca-las, mas não conseguia. Nem o choro
conseguia ser proferido, apenas um gemido frio e sem sentido saía de sua boca.
Sem dúvida aquilo machucava muito a pobre alma, pois, ela podia perceber que
aqueles a quem um dia amou não poderiam mais ser alcançados e que ele estava
totalmente sozinho, mesmo rodeado.
Nesse
momento o homem prostrou-se diante da alma e pode olhar no fundo dos seus
olhos. Tudo então fazia sentido! Ele conseguiu ver um vídeo dos últimos
momentos de sua vida através dos olhos daquela pobre alma. Percebera, mais, que
estava ali, pois tirara sua própria vida e agora estava colhendo os frutos de
seu ato impensado e desesperado.
Com
uma arma na mão dera um tiro na cabeça e fugira do sofrimento que o assolava,
mas não conseguira perceber que iria para aquele lugar pútrido é fétido e que o
sofrimento “post mortem” poderia ser bem pior.
Mas
era tarde demais para arrependimentos e aqueles que guardavam aquele lugar
vieram, por fim, busca-lo para que pudesse encontrar a sua vida de punições a
que ele mesmo se submetera.
Chegando
perto do mar de fogo em que ia ser jogado ele sentiu algo tocar seu braço com força,
sua vista ficou turva e ele percebera que, em meio a tudo aquilo, tudo não
passava de um sonho, um transe psicótico que ele mergulhou quando estava com a
arma engatilhada, virada para sua cabeça.
Quando
acordou procurou em volta a mão que havia puxado seu braço, mas tudo o que pode
ver foi uma poça de lágrimas abaixo de seu queixo e o quarto vazio que fora seu
companheiro durante quase toda uma vida.
Ainda
que tudo aquilo fosse inexplicável, ou seja, quem teria segurado seu braço, ele
sabia que tudo aquilo deveria ter uma explicação e a explicação era a seguinte:
“Ele tinha uma segunda chance de fazer as coisas diferentes”. Mais que isso,
ele sabia que nenhuma dor se compararia aquilo que
ele havia presenciado em seu sonho.
Nesse
momento ele desmuniciou a arma, enxugou as lágrimas, abriu a janela e, pela
primeira vez na sua vida pode ver a luz do Sol e as cores do mundo.
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