domingo, 10 de março de 2013


“O ÚLTIMO REI LIVRE”

 

 

Eu poderia escrever a respeito de milhares de coisas: amor, a falta dele, a perda dele. Estórias épicas, fantásticas, suspense, sangue.

Eu poderia, de fato... mas não hoje.

Contar-lhes-ei, meus amigos, a triste vida de um monarca, em uma terra distante, governando sozinho em seu trono frio e escuro: “o último rei livre”.

Por qual razão seria ele o último?

Muito simples: os tempos eram outros... a liberdade não tinha mais o significado que muitos conheciam...

Mas antes de falar sobre liberdade, contemos a história desse monarca.

Um homem que vivia em um reino, sozinho... nesse reino não havia sequer uma pessoa. Não havia exército, caso tivesse que defender suas fronteiras. Não havia súditos para governar. Não havia assuntos reais para tratar. Não havia corte para rodeá-lo nem família para amá-lo.

Mas por que isso tudo?

Simples: o homem escolheu ser livre!

Mas o que poucas pessoas sabem é que a liberdade está atrelada a certa dose de solidão.

Isso mesmo: liberdade e solidão são palavras que estão intimamente ligadas.

O rei era detentor de certos ideais que a maioria não aceitava, o que fez com que ele perdesse seus súditos para reinos mais “atraentes”.

Ao longo de sua vida ele foi percebendo que as pessoas não queriam suas ideias, mas sim algo que fosse mais “coletivizado” mais atraente perante os olhos de todos.

Por essa razão, o detentor do poder de governo foi ficando cada vez mais isolado, mas livre para pensar aquilo que quisesse.

Restou-lhe, por fim, governar suas próprias idéias.

Meus amigos, tal introito foi feito para descrever a vocês a minha concepção de liberdade.

Vale mesmo a pena ser livre hoje em dia?

Explico: a liberdade é inversamente proporcional à necessidade de vida em coletividade.

A partir do momento em que precisamos adotar certas atitudes para nos sentirmos incluídos em um grupo, perdemos nossa liberdade, pois a entregamos para o “espírito coletivo”.

Em certas situações isso se torna necessário, como no meu caso que sempre abdiquei de parte da minha liberdade visando enfrentar situações de conflito.

Não estou aqui dizendo que ninguém deve dar o braço a torcer. NÃO É ISSO!!!

Liberdade não significa, ainda, fincar o pé em ideais que parecem ter sentido só para nós mesmos.

Mas o que eu percebo hoje em dia é cada vez mais pessoas infelizes por não poderem se livrar dos grilhões dessa maldita “nova ordem mundial” que dita todos os comportamentos e pensamentos que devemos ter.

Liberdade, no meu modo de ver, é poder gostar de um estilo de música sem ser criticado, poder vestir uma roupa sem ser humilhado, poder manifestar seu pensamento sem ser achincalhado.

Mas não é bem assim que funciona.

Cada vez mais as músicas são mais iguais, as roupas também e o pensamento vem desaparecendo cada vez mais.

Hoje o que podemos perceber é que o espírito coletivo vem ditando as normas de comportamento de boa parte das pessoas, incutindo no cérebro delas o desprezo pelo que não se encaixa nesse novo ordenamento.

Portanto, a liberdade está totalmente divorciada do espírito coletivo e só terá sua vivência plena a partir do momento que nos isolarmos de vez.

Para deixar uma coisa bem clara: NÃO ESTOU PREGANDO O ISOLAMENTO! De jeito nenhum. Só gostaria que o respeito voltasse a fazer parte do dia a dia das pessoas.

Pois, o gay, o nerd, o religioso, o cara que não torce para o seu time, o que não se veste como você, o que não tem o mesmo gosto musical, o que não tem sua cor de pele e etc, etc, etc, tem a mesma liberdade que foi conferida a você! A única diferença é que alguns usam essa liberdade para se acharem no direito de serem uns completos idiotas!

Então, meus amigos, esse é o desabafo de um cara que optou por ser “rei livre em seu próprio reino” e, consequentemente e de certa forma, sozinho.

Liberdade não deve ser sinônimo de solidão.

Mas sabe quando isso vai mudar?

Quando percebermos que a chave que nos liberta não é aquela que abre as correntes que prendem nossas mãos e pés. Mas aquela que abre nossa mente para reconhecermos a individualidade alheia.

Aí sim você poderá dizer: sou livre!