domingo, 29 de julho de 2012

"AS CARTAS DE DANIELLE"





Marcelo era um escritor brasileiro em viagem a Paris. Resolvera conhecer a cidade luz, um sonho que sempre tivera e por lá estava calmamente a apreciar cada detalhe que a cidade poderia lhe oferecer.

Uma certa noite, após o jantar, resolver ir até um cyber café, um local alternativo de Paris, quando reparou uma moça sentada, lendo um de seus livros, traduzidos para o francês. De cabelos curtos, óculos, parecia estar compenetrada na leitura e não havia percebido a entrada do autor do livro que ela estava lendo.

Marcelo não quis incomodar e sentou-se em uma mesa, abrindo seu laptop, visando escrever mais uma de suas histórias. Deixou um pouco de lado a imagem daquela moça, que chamara muito sua atenção, mas não conseguia desviar o olhar.

De repente ele percebeu que a moça caminhava em sua direção com o livro, quando ele deduziu que ela, por óbvio o havia conhecido.

Dirigindo-se a ele, ela diz:

“Excusez-moi monsieur, vous êtes Marcelo? l'écrivain?”

Marcelo, sem entender, arrasta as únicas palavras que sabia dizer em francês:

Excusez-moi, je ne parle pas très bien le français’

Percebendo que seu sotaque era horrível, a moça então diz, em inglês, língua que ele entendia bem : Desculpe, você é o Marcelo ? O escritor?

Deixando escapar o sorriso ele diz : Sim, sou eu ! – tomando o livro das mãos da menina, ele diz : a quem devo dedicar ?

A menina então, corada, responde :

-       Danielle Nouvingnon !

Marcelo não pode deixar de admirar o nome da moça. Era lindo, musical, mas algo nos olhos daquela mulher mostrava que, por trás daquela face corada, algo muito maior se escondia, incompreendido e assustado, gritando pela liberdade.

Ele pudera reparar desde quando entrou pela porta que seus olhos diziam mais que suas palavras, mas ele não sabia exatamente o que.

Após conversar por algum tempo, aquela moça que estava sentada, quieta, lendo uma de suas histórias, despertara um interesse muito grande em Marcelo. Ao longo da conversa, ele pode perceber que ela, Danielle, era uma moça com uma vida aparentemente controlada, a família a amava e respeitava, era casada com uma pessoa muito importante no meio parisiense, tinha filhos.

Mas seus olhos diziam algo mais profundo, algo mais secreto, algo mais íntimo, algo guardado a sete chaves.

Depois de passar momentos muito agradáveis com Danielle, Marcelo despediu-se, mas antes, prometeram que se corresponderiam à moda antiga: trocado cartas! Claro que os olhos da moça se encheram, afinal de contas estava ela prestes a manter contato com o escritor que admirava por demais e sentia nele que poderia, de fato, ter alguém com quem contar e para quem contar seus mais profundos segredos, até então escondidos e sufocados.

Marcelo, por sua vez, ficara encantado por Danielle. Enxergava nela o que de mais lindo poderia existir em Paris, tudo aquilo que dava charme à cidade, algo para se guardar como lembrança para sempre e se usar como modo de descrever os melhores momentos de uma viagem inesquecível, algo que para sempre estaria gravado na memória e que seria lembrado e contado. Via naquela acanhada moça uma pessoa que valeria a pena ter do lado pelo resto da vida, uma companheira de longas conversas, aquela amizade descompromissada... ele, de fato sentia falta disso. Danielle era assim, aparecera de repente e fizera toda a diferença.

No dia seguinte Marcelo voltou ao Brasil, mas com Danielle ainda na cabeça. Decidiu então mandar a primeira carta, explicando a satisfação em conhecê-la. Pensou em algo muito simples, nada muito rebuscado ou longo, apenas para que começassem a se comunicar:

Querida Danielle, como primeira correspondência eu gostaria apenas de dizer que foi um enorme prazer conhece-la e, mais ainda, poder descobrir sua amizade. Mas o melhor de tudo isso foi poder saber que eu ainda vou descobrir o que seus olhos realmente querem dizer a seu respeito! Com carinho, Marcelo”

Apesar de saber que seria um abuso dirigir-se a ela daquela maneira, Marcelo estava ávido por saber o que Danielle sentia realmente, o que ela escondia e por qual razão ela o olhava daquele jeito que ele não sabia explicar.

Pois, naquele mesmo dia, postou a carta e, por algumas semanas esperou ansiosamente a resposta. Quando já estava pensando que sua curiosidade o havia traído, eis que chega a tão esperada resposta:

Querido Marcelo, gostaria muito de te dizer o que realmente meus olhos traidores puderam denunciar, mas tenho um medo lancinante de que não nos falemos mais, caso eu revele. Não sei o que você pensaria de mim, qual imagem faria a meu respeito e, por essa razão, prefiro castigar meus olhos reveladores a entregar minhas aflições. Com carinho, D.N.”

A curta resposta de Danielle só serviu para deixar Marcelo mais intrigado a ponto de, naquele mesmo momento responder a carta de Danielle da forma mais curta e direta possível:

O que pode ser tão grave que me afastaria de uma pessoa que está do outro lado do mundo? Ou será que você está fazendo uma imagem errada a meu respeito?”

Dessa forma, curta e direta, Marcelo tencionava descobrir o que a menina escondia por trás daquele sorriso meio acanhado. Não que isso pudesse, de fato, mudar a relação dos dois, até porque a amizade já estava consolidada naquela altura do campeonato, mas ele queria saber mais, queria poder ajudar caso fosse algo sufocante demais para se aguentar sozinho.

Teve de conter a curiosidade e a aflição, já que, passados quase dois meses não obtivera a resposta. Já imaginara mil coisas, que teria se excedido na curiosidade e a moça havia se sentido meio que embaraçada com tais perguntas. Quando se dispusera a escrever-lhe nova carta, eis que o carteiro deixava a correspondência que ele tanto esperava. Um pouco mais longa, Danielle explicava um pouco de suas aflições:

“Querido Marcelo: de fato meus olhos me traíram aquele dia e deixaram escapar uma Danielle que nem todo mundo, ou melhor, que ninguém conhece... por detrás dessa pessoa bem esclarecida, com um casamento estável, com um marido importante no meio parisiense existe uma mulher que constantemente entra em conflito consigo mesma! Que consegue gostar de uma pessoa que nunca terá e que sente culpa por sentir. Culpa por sentir que está traindo o homem que lhe dera toda a segurança, que fora seu companheiro a vida toda, que lhe dera uma família, um lar, que estivera ao seu lado nos melhores e piores momentos da sua vida, que era amoroso, carinhoso. Não consegue olhar para ele sem sentir culpa e, ao mesmo tempo, sente queimar dentro de si uma chama que só cresce, só faz aumentar por esse amor impossível. Essa meu amigo, é a Danielle que estes olhos traidores revelaram. A Danielle ingrata que merece mais se esconder a revelar o que realmente a aflige. Agora, caso isso seja um empecilho para você, se entender que eu seja uma pessoa ruim, que não mereça a sua amizade, eu entenderei se você não quiser mais falar comigo. Sinto-me a pior das pessoas agindo dessa forma, mas você precisava saber que eu estou em constante conflito comigo mesma e sinto-me mal por conta disso. Não consigo dormir direito, comer direito, mal consigo trabalhar por conta desse sentimento. A culpa me consome meu amigo e essa culpa vem lado a lado com a certeza desse desejo impossível de se realizar. Você deve pensar que eu sou uma maluca apaixonada de histórias impossíveis. Entenderei qualquer atitude sua, muito embora sentiria imensamente sua falta. Com carinho, D.N.”

Ainda meio atônito, Marcelo esperou um momento antes de pensar o que achava de tudo aquilo. Depois de ler uma três vezes aquela missiva, pensou consigo mesmo: As pessoas estão acostumadas a enxergar sempre o que está por fora, a vida da pessoa e o “quão agradecida” ela deve ser por tudo o que tem e o que conquistou, sem se preocupar com o que ela pensa ou sente na verdade. Estamos acostumados com o que é bonito para os olhos, com o que é prudente, com o que é estável. Não queremos, ou menor, não nos interessamos com as aflições do mundo. Apenas com o que é moral e ético, não com o que é bom, prazeroso ou que nos leva à felicidade. A felicidade alheia não importa muito, só o que os olhos enxergam. No fundo Danielle também pensava assim, só não havia aceitado isso ainda. Ao esconder isso tanto tempo, por medo do que algumas pessoas poderiam pensar ou o que ela mesma pensava disso, ela vinha amargando a mais remota solidão e sendo sufocada a cada dia mais. Ela própria aceitava essa posição de “pária”, de culpada, sendo que isso nada tinha a ver com culpa ou vergonha. Apenas um sentimento que qualquer um pode sentir, passível de acontecer com qualquer casamento, por melhor que seja. O mundo muda constantemente e assim também são as pessoas. O cansaço aparece para todos. A relação humana é difícil mesmo e todo dia fazemos um exercício de superação e de pesagem de prós e contras, talvez fosse isso que faltasse a Danielle. A “tal balança da verdade”.

Após escrever-lhe todas essas palavras, Marcelo arrematou a carta dizendo:

É assim que penso a respeito, agora não sei dizer de onde você tirou a idéia de que eu poderia me afastar de você por conta disso? Pelo contrário! Quero saber mais sobre essa pessoa tão especial que te fez sentir desse jeito! Nem preciso te dizer que esse será um segredo nosso, que guardarei como se minha vida dependesse disso. Com carinho, M.”

E assim Marcelo encerrou sua carta, mas se enganara em um aspecto: pensara que, com essas palavras, que de fato era muito sinceras, Danielle se empolgaria e responderia mais rápido suas cartas, que teria finalmente conquistado sua confiança. Mas a sua aflição aumentou quando, após quase cinco meses não obteve resposta.

Decidira, então, não procura-la mais. Pensara que havia perdido de vez aquela menina doce que encontrara na mais charmosa das cidades. Preparava-se para aceitar essa idéia.

E mais uma vez, seguiu sua vida! Levantou-se, tomou seu banho matinal, seu café da manhã e saiu em direção à editora onde publicava seus livros, quando, ao checar a caixa de correio percebeu que havia uma carta de Danielle, que acabara de ser entregue. Ali, tudo estava explicado, o preto no branco, a aflição e as noites mal dormidas, a falta de apetite e a culpa que sentia.

Tudo fazia sentido! E Marcelo, sentado na guia, tamanha a surpresa, leu em voz alta essas palavras:

Querido Marcelo: você não sabe a alegria que sinto e perceber que você realmente se mostrou um amigo fiel, o mais fiel de todos. De fato é difícil demais lidar com toda essa situação sozinha. Eu mesma achei que estava ficando louca e me julguei, como ainda me julgo, por tudo o que sinto. Eu realmente me acho a pior das pessoas, inobstante tudo o que você tenha me dito. Na verdade, saber que posso contar com você é o maior presente que eu poderia receber. Portanto, a minha falta de sono, minha falta de apetite, minha falta de concentração são por sua causa Marcelo. Sempre te observei à distância e sempre nutri um carinho muito grande por você, muito embora você mal soubesse da minha existência. Mas esse carinho transformou-se em um desejo muito forte, quase incontrolável que eu guardei comigo por muito tempo. Mas eu não acho justo que o objeto desse desejo fique sem saber o que está acontecendo. Em contrapartida eu sei que esse é um desejo impossível de se concretizar. Sei que você tem sua vida e eu não quero interferir em nada. Mas a cada livro seu, a cada história nova eu percebia o quanto queria ter você a meu lado. Mas infelizmente, além de não poder realizar esse desejo, ainda deixei que meus olhos me traíssem naquele cyber café aquele dia. De fato eu tenho uma vida maravilhosa, estável, mas não consigo parar de pensar em você e na falta que você faria caso eu perdesse você de vista. Esse é meu maior medo. Não quero ser mais um problema para você. Você não merece. Deve estar pensando que eu sou uma maluca apaixonada nesse momento e, eu posso ter colocado tudo o que construímos a perder, mas você precisava saber disso. Há tempos venho lhe acompanhado a distância nutrindo uma admiração que só aumentou com o tempo. Com carinho, D.N.”

Marcelo, apesar de meio atônito, não poderia dizer que estava surpreso. Afinal de contas já perceber a ternura no olhar daquela moça, mas achava que tudo não passava de uma admiração pelos livros que publicara, pelas palavras que escrevera. Mas não poderia imaginar que a admiração superasse tudo isso!

E gostava de Danielle. Mas queria poder gostar mais! Queria que menos fossem os impedimentos, menos fossem os problemas para retribuir toda essa admiração e carinho expressos por ela ao longo dessa carta. Queria ter uma vida mais fácil, com menos problemas para fazer dela uma mulher feliz, dar-lhe o carinho que merecesse.

Mas a vida prega peças na gente às vezes. As coisas aparecem como um furacão na nossa vida quando estamos apenas com um guarda chuva no meio de uma estrada e, dependendo da atitude que a gente toma (ou corre ou enfrenta a tormenta), a gente põe tudo a perder.

Danielle era uma mulher fascinante, apaixonante. Mas fatalmente se perderia como a brisa de um dia ensolarado caso desse errado. Queria Marcelo ser o mais correto com Danielle e mantê-la do seu lado pelo resto da sua vida, muito embora ela talvez não entendesse esse seu ponto de vista.

Marcelo sentia vontade de falar com ela todos os dias, contar de sua vida, de seus amores (muito embora soubesse que isso não seria possível) e ouvir sobre os seus. Era aquele tipo de pessoa pela qual enfrentaria exércitos para, apenas, poder ver o sorriso. E seu sorriso ela valioso demais para se perder em meio a um eventual relacionamento mal resolvido. As marcas seriam indeléveis nos corações dos dois. E o amor por Danielle era maior que isso tudo. Isso mesmo, nessa altura do campeonato percebera que amava Danielle. Talvez não do jeito que ele quisesse ou merecesse, mas um amor forte o suficiente para fazer valer a pena cada momento ao seu lado, ainda que como um amigo, confidente. Talvez encontrara, ali, o amor verdadeiro. Aquele que não mede esforços para colher um sorriso apenas, uma tarde de conversa, um “bom dia”. Seria essa a essência do amor que todos dizem?

Não sabia.

Mas tinha certeza que esse amor, ainda que fraternal, era o mais puro que sentia em anos! Um amor descompromissado e que nada tem a cobrar.

Mas com esse amor, recém descoberto, vinha o pesar. O pesar de saber que, assim como Danielle não seria correspondida em seu amor, ele também poderia não ser nesse seu amor fraterno.

E ali, sozinho, por um tempo refletiu e escreveu essas palavras a ela. Omitiu apenas o pesar de não ser correspondido, mas manifestou o pesas por não poder correspondê-la, não da maneira que gostaria ou que ela mereceria.

O final dessa história? Ah, meu caro leitor, deixo a cargo de você o que pensar. Muitos gostariam que Marcelo fosse correndo até Danielle, talvez até o próprio Marcelo assim quisesse. Outros concordariam com ele e prefeririam manter uma pessoa perto pelo resto da vida (o que poderia ser um grande exercício de egoísmo, dependendo do ângulo pelo qual se enxerga tudo isso).

Mas a grande lição que eu (Leandro) tirei dessa história (puramente fictícia) é que o verdadeiro amor não é previamente fabricado com uma fórmula preestabelecida. Pelo contrário, ele vem bruto, como um bloco de argila e a gente vai moldando até que ele fique do jeito que a gente quer com os “ingredientes” que a gente quer. Ele chega sem avisar, cai no colo da gente e dele a gente não consegue fugir.

Cabe a nós fazermos dele uma coisa inesquecível ou algo que nos arrependamos piamente, cada dia de nossa vida.

Não irei escrever aqui a resposta de Danielle ou como ficou o relacionamento de Marcelo com a sua mais célebre leitora, mas apenas fiquem com essas últimas palavras e façam a vocês essa pergunta: será que eu já me deparei com esse amor verdadeiro alguma vez?

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Algumas considerações sobre meu ultimo post no blog:
1 - Primeiro gostaria de agradecer a todos aqueles que perderam cinco minutos de seu valioso tempo para ler o que, na verdade, não foi um texto, mas sim um desabafo, pois como disse, também sou de carne e osso;
2 - agradeço também a todas as manifestações de carinho que recebi, não só via comentários no blog, como também pessoalmente, pelos meu...s amigos e aqui no facebook;
3 - Gostaria de me desculpar por usar o espaço para semelhante desabafo, mas, não obstante tenha tentado imprimir um certo "lirismo" nas minhas palavras, sei que não é o lugar para isso;
4 - Espero que tenham entendido, entre o tom escuro das minhas palavras, o ponto que está a panela de pressão e o quanto foi necessário e proveitoso esse meu desabafo;
5 - Prometo que os próximos textos serão mais "animados" ou, ainda, de puro suspense.
Mais uma vez, muito obrigado a todos aqueles que se dignam desviar alguns minutos de seu tempo para ler o que tenho escrito. É graças a vocês que não desisto e seguirei escrevendo.
Muito obrigado

Leandro

domingo, 22 de julho de 2012


O VALOR DO SILÊNCIO





Muitas pessoas podem estranhar o que eu estou prestes a escrever, mas ninguém sabe o valor que tem o silêncio.

Na maioria das vezes é melhor um silêncio mortal a uma discussão infinita.

Explico!

Durante muito tempo na vida a gente tenta, muitas vezes em vão, fazer com que as pessoas nos escutem, achando que, sei lá, elas teriam que ouvir. Quando a gente percebe que elas não teriam essa obrigação ou, ainda, não estariam dispostas o suficiente a escutar, o que é, nos dias de hoje, normal e aceitável, pelo menos pela maioria, o choque pode ser muito grande.

Muitas pessoas necessitam de apoteose para satisfazer seus mais fúteis desejos. Algumas outras precisam de coisas simples, como um mero momento de atenção e uma voz que diz “eu estou aqui”.

Mas, não obstante, a gente sabe bem que isso quase nunca acontece! Falar é um exercício muito bom, ouvir é um castigo muito cruel.

Ouvir é chato, tira o foco e faz com que a pessoa crie uma certa dependência com a gente (pensamento da maioria).

“Eu hein, quem disse que eu quero esse chato no meu pé?” (sic)

Quando a gente começa a travar um diálogo que vai resultar num desabafo, a gente é logo podado, o assunto muda e vem aquela resposta que mata: “mas isso sempre aconteceu”, ou, “não sei porque você se preocupa tanto, isso não aconteceu com você” ou, ainda, “procura uma terapia antes que você acabe com tudo que tem”.

Cada vez mais a voz vem se tornando uma coisa inútil.

Nem força para gritar mais a gente tem.

A voz parece ferir mais que um tiro, que uma facada. Parece ofender mais que uma cusparada ou um tapa na cara. Isso falando de um reles desabafo, um pedido velado de ajuda.

Cada dia que passa o silêncio vem tendo mais valor, vem se tornando nosso melhor amigo.

A partir do silêncio a gente consegue desenvolver um diálogo com quem mais nos ama: “nós mesmos”.

Hoje, mais do que nunca, eu consigo ver que o meu silêncio vale mais do que qualquer outra coisa nesse mundo. É, de fato, meu mais leal companheiro, que diz tudo que quero ouvir (não que isso seja o que eu busque, mas apenas acredito que as pessoas poderiam ser menos “agressivas” ou “insensíveis” ao dizer isso), que me entende e que não me manda procurar terapia.

Meu silêncio vale muito mais do que eu imaginava que valesse, principalmente nos dias de hoje.

Aproveitando a deixa, recordo-me de um texto que escrevi a respeito de uma frase que eu escutei há algum tempo e, de fato, ainda venho escutando: “ser feliz ou ter razão?”.

Lembrando, sempre, que o caminho para a pretensa felicidade é inversamente proporcional ao da busca pela razão.

Eu percebi que, tentando fazer com que todos me escutassem, minha angústia só aumentava e minha felicidade ficava cada vez mais distante de mim e minha voz, cada vez mais tinha medo de sair.

Mas você, caro amigo que agora lê esse texto, pode estar se perguntando: “mas vale mesmo a pena se isolar tanto assim?”.

Eu não saberia te responder essa pergunta...

Só o que eu sei é que eu cansei de tentar expor o que me incomodava e tentar fazer com que as pessoas entendessem que eu também sou feito de carne e osso, eu sofro, eu choro, eu fico aflito. Não sou o cara piadista o tempo todo!

O que eu pedi esse tempo todo não era que as pessoas tivessem pena de mim, muito pelo contrario, na verdade eu abomino esse tipo de atitude.

Apenas que entendessem que eu também tenho meus momentos e que eu gostaria muito de poder contar o que me aflige sem ser duramente criticado e até ridicularizado.

Como ninguém quer saber desse lado, eu optei pelo silêncio. Não conto mais nada, não demonstro mais nada. Apenas me calo diante disso tudo.

Mas não quer dizer que eu não continue a sentir!

Pelo contrário. Sei que o começo será muito difícil, mas esse me parece o único caminho viável para que eu sobreviva de pé.

Assim como Jonas, eu sei que nada vai mudar e eu quero ser feliz... ainda que tenha que, para chegar a isso, calar-me.

Se é assim que tem de ser, assim será!


sábado, 21 de julho de 2012


“O CANSAÇO DE JONAS”





Depois de uma noite mal dormida (mais uma), Jonas, acordado pelo despertador que insistentemente gritava, levantou-se e travou mais uma rotina em sua vida, o que já era comum.

Levantou e foi tomar seu banho.

Era mais um começo monótono de semana, aquela segunda feira que prometia ser arrastada até o fim do dia.

Durante o banho Jonas deixara a água cair em seu rosto e fechara os olhos, permitindo que um mundo de pensamentos invadisse seu corpo totalmente entorpecido.

Estava, de fato, cansado. Cansado e triste, desiludido.

Não conseguia imaginar como as pessoas era tão insensíveis aos seus problemas, ao fato de ele não estar bem. Todos achavam eu ele deveria “largar de frescura” e aceitar a maravilha que era sua vida.

De fato, extrinsecamente, a vida de Jonas era boa. Tinha um bom emprego, uma família maravilhosa, amigos. Mas era extremamente sozinho.

Afinal de contas, ninguém quer saber dos problemas alheios, não é verdade?

Na verdade as pessoas querem que você é por fora e não quem você é na sua essência.

Não condenava isso. A verdade poderia ser muito cruel para aqueles que não estão preparados para sabe-la. Disso Jonas tinha plena convicção.

Fato era que já havia perdido as esperanças.

Rezar? Seus joelhos já estavam deformados, mas Deus parecia estar ocupado demais cuidando das coisas mais importantes do mundo (como guerras, pedófilos maníacos, assassinos... bem, acho que ela não estava com tempo para cuidar disso também), para se preocupar com um simples ser humano que sofre.

Mas na cabeça das pessoas Jonas não tinha do que se queixar.

O que mais doía no seu coração era que ele não poderia contar com as pessoas que mais amava. Elas nunca estavam dispostas a ouvir seus problemas, as coisas que o afligiam.

O trabalho era estafante e psicologicamente traumatizante e ele não tinha com quem contar e nem para quem contar.

Então preferia o isolamento e, cada dia mais estava se isolando, acumulando um sofrimento que, mais do que nunca, estava acabando com ele.

Ele não conseguia mais suportar isso. Estava cansado. Mas as pessoas não entendiam que ele precisava desabar às vezes. Precisava chorar (o que quase sempre fazia sozinho, no seu canto).

As pessoas não tinham mais paciência e Jonas sabia disso. Mas precisava de ajuda.

O problema era, onde encontrar essa ajuda?

Ali, parado, olhando no espelho com o rosto ainda fitou seus próprios olhos por um instante e disse em voz alta: “E aí meu amigo, o que fazemos?”

Enxugou-se e foi até o quarto.

Lá pegou sua roupa, uma calça Jeans, uma camisa que gostava muito e nada pensou nesse momento. Uns instantes depois analisou tudo aquilo, de sua infância até ali.

Entendeu por um lado as pessoas quererem sempre que fosse revelado seu melhor lado, o simpático e brincalhão. Mas achou egoísmo demais da parte delas sugarem o que ele tinha de melhor e não o estenderem a mão quando ele precisasse.

Jonas estava cansado de tudo aquilo. Queria sumir para um lugar onde ninguém o conhecesse, onde pudesse, de fato, começar de novo ao invés de ter de depender da boa vontade das pessoas para uma simples conversa.

Estava cansado de ser sozinho e, se era para viver assim, que fosse num lugar novo onde a solidão fosse, de fato, completa.

Em meio aos seus conflitos, ele sabia exatamente o que fazer. E fez!

Pegou suas coisas e foi trabalhar, afinal de contas nada iria mudar...

segunda-feira, 16 de julho de 2012


O PREÇO DA FELICIDADE





Jonas era um rapaz, um jovem rapaz que andava calmamente, na Avenida Paulista quando avista um antigo amigo da faculdade de Direito. Como fazia tempo que não se falavam, o diálogo não tardou a começar. Em meio a muitas lembranças do passado, o rapaz olha para Jonas e diz:

- Cara, eu me lembro e digo isso a todos, você é o cara mais inteligente que eu conheço! Um grande desperdício, você poderia ser Juiz hoje e, no entanto, olha só você! Cara eu me lembro bem que, enquanto eu precisava me matar, você só lia a matéria, se virava e tirava uma nota melhor que a minha! E hoje olha você! Poderia ser muito mais. Não desista não!

Por um instante Jonas ficou calado e refletiu um pouco sobre as palavras daquele homem. Afinal de contas era visível onde ele havia chegado, estava bem sucedido, com um excelente emprego e uma família.

Não obstante Jonas estivesse estavelmente estabelecido, nada daquelas palavras fazia sentido e ele sabia exatamente por qual razão.

A felicidade das pessoas tem valores distintos.

Para Jonas, nada daquilo poderia representar sua verdadeira felicidade.

Ele havia aprendido, ao longo de sua vida, a apreciar as coisas simples. Mas sentiu-se mal, por um instante. Sentiu-se diferente. De fato, muita coisa acontecer na sua vida e o fizera mudar o pensamento. Não se considerava um cara tão inteligente assim. Mas enquanto ainda refletia sobre as palavras do amigo, foi interrompido com mais uma afirmação:

- O que te queimava era o fato de você não acreditar em você, não querer crescer, sempre se colocar para baixo.

Isso foi o limite para ele.

De fato era um cara que não acreditava muito nele, mas não por nada, apenas achava que não era tudo isso que as pessoas diziam e isso se chamava humildade, o que muita gente confunde com baixa autoestima.

O ego do ser humano necessita constantemente ser massageado. Algumas pessoas necessitam constantemente de autoafirmação, uma busca incessante que esbarra na própria felicidade.

Jonas não precisava disso!

Ele acreditava que o homem poderia ser feliz apenas ouvindo os sons da natureza. Jonas trabalhava, ganhava seu dinheiro de forma honesta e levava sua vida do jeito que dava e estava satisfeito com isso, sem a necessidade de um cargo para que as pessoas o vissem como “o cara inteligente que só poderia resultar nisso”.

A grande verdade é que as pessoas não querem saber o que você pensa, como se sente.

Elas conseguem enxergar apenas o invólucro do seu corpo, o que está por fora.

Dentro ninguém conhece.

Por mais que Jonas gostasse de seu amigo, e de fato gostava muito, estranhou aquelas palavras e lamentou que tenha traído as expectativas de seu amigo, muito embora não tivesse nenhuma obrigação para com ele. Mas mesmo assim lamentava. Não estava triste, com raiva. Apenas lamentava que ainda pensassem assim.

Concluiu ele então que a felicidade tem preços diferentes. Para seu amigo talvez seja um cargo, uma imagem importante.

Para ele não! Um passei numa tarde ensolarada, porém fria, na Avenida Paulista fazia um bem danado! E sabia ele que, por mais que sempre houvesse sonhado com o cargo de Juiz (o que de fato era seu sonho), sabia que não era certeza que fosse feliz assim. Mas vivia bem, estava feliz com as coisas simples que poderia colher da vida: um bom livro, um bom café, uma boa conversa. Pessoas simples e engraçadas. Um barzinho com banda ao vivo. Um bom filme. Noite do cinema, queijo e vinho! Assistir ao super bowl onde o jogo é decidido no ultimo minuto. Manhãs de domingo ensolaradas. Noites de sábado frias com fondue. Tardes de domingo quentes com churrasco. Isso sim lhe dava felicidade!

Claro que poderia ele ser mais feliz, sim, mas isso é uma eterna busca e não era o fato de ter mais dinheiro ou um cargo importante que faria com que isso acontecesse.

Após se despedir do amigo, Jonas fitou-o pelas costas e disse: “Espero que um dia ele aprenda a encontrar a felicidade nas pequenas coisas” e levou sua vida adiante.

Antes de voltar para casa, em frente ao Shopping Paulista olhou para a Avenida Paulista em sua plenitude e grandiosidade e pode ver o por do sol. O dia estava ensolarado e terrivelmente frio, o que fez com que aquilo se tornasse uma das cenas mais lindas que já presenciara em sua vida.

Naquele momento abstraiu tudo de sua mente, sentiu a brisa fria em seu rosto e, observando aquela cena deixou escapar uma pequena lágrima.

Afinal de contas, não precisava ir à praia ou ao campo, mas ali mesmo, na cidade que ele tanto amava ela conseguia ser feliz com tão pouco.

Depois disso, voltou para casa e pode ver que era, de fato, feliz, com o pouco que tinha.




SER FELIZ OU TER RAZÃO?





Certa vez uma pessoa muito sábia disse: “O que é melhor, ser feliz ou ter razão? Desse dia em diante essa frase vem sendo insistentemente repetida no meu ambiente de trabalho (uma Vara de Família). Mas a grande verdade é que eu nunca tinha parado pra pensar nisso. Num lugar onde o que é bom está à beira do fim, eu consegui tirar uma lição pra minha vida.

A gente sempre perde muito tempo da nossa vida lutando atrás de um sentimento momentâneo e pequeno, se comparado a outros: “o prazer de ter razão”.

Vocês já pensaram no desgaste que a busca pelo reconhecimento de “estar certo” nos causa? Anos são perdidos, pessoas se vão da nossa vida, pela simples necessidade que temos de poder dizer: “eu estava certo”.

Digo isso porque sempre busquei esse sentimento.

Se pararmos para pensar no tempo que a felicidade ficou em segundo plano, chegaremos à conclusão de que oitenta por cento da nossa vida foi jogada fora.

E a felicidade? Onde fica? É meus amigos, se empenhássemos a força que usamos para buscar ter razão em sermos felizes o mundo seria um lugar bem melhor.

Eu, no topo dos meus trinta um, quase trinta e dois anos, resolvi que quero ser feliz, de uma vez por todas.

Para isso, renunciei uma coisa que sempre imaginei ser essencial: “estar sempre certo”. Não tenho mais tempo pra isso, minha saúde não aguenta mais. Sofri muito com isso e hoje quero mais para minha vida. Quero enxergar as coisas de outro jeito. Não estou dizendo que isso seja fácil, mas eu me permiti tentar, enquanto ainda tenho tempo.

Imagine um homem no topo de uma montanha, rodeado por pedras e mais nada. Na sua mão uma placa escrito: “tá vendo, eu disse que conseguiria”. Atrás dele, quilômetros abaixo do topo da montanha, uma pequena cidade onde todos são felizes. Nessa cidade, esse homem é conhecido como aquele que “um dia disse que escalaria aquela montanha, nem que isso levasse a vida inteira”. Hoje, já sem forças pra voltar, jaz ali, no topo daquela montanha aquele homem que, por fim, conseguiu a escalada, quando todos diziam que era bobagem e que o que ele precisava estava ali, longe do topo.

Sozinho ele está, com sua razão, com o sentimento de ter a razão, de estar certo. Mas feliz? Não.

Antes que eu fique como esse homem, sozinho, velho, cansado, rodeado por pedras e sem força para voltar atrás, eu decido ser feliz.

Que se dane a razão, no fim das contas, ninguém a detém por inteiro.

Mas a felicidade, essa sim é possível ter por inteiro ou, no mínimo em proporção maior.

Eu decido seguir esse caminho e, ainda que eu não esteja “certo” nisso que digo, pergunto a você meu amigo:

“O que você prefere: ser feliz ou ter razão?”

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pessoal, boa noite! Estou lançando uma série de textos aqui no blog que se chama "Textos Ocultos", que fogem um pouco do que já escrevi aqui. Tentarei desenvolver algumas histórias ficticias, principalmente de suspense (o gênero que me levou a escrever). Aqui vai o primeiro deles:




“RÉQUIEM”




Andando em meio à escuridão ele procura aquela pessoa que já foi um dia, alegre, admirado, inteligente, mas não encontra.
Passando por um barulho ensurdecedor de lamúrias e dor, consegue, apenas visualizar uma pobre alma jogada, suja e com lágrimas nos olhos, como se pedisse ajuda.
Aquela cena o comove e ele resolve levantar aquela pobre alma e trocar duas ou três palavras com ela para tentar ajudar de alguma maneira.
Qual não é a sua surpresa quando ele percebe que aquela alma nada mais é do que a pessoa que ele estaria procurando. Nada mais era do que ele próprio, ou melhor, o que ele havia se tornado. Ao redor da pobre alma estavam várias imagens, distorcidas, de pessoas que ele conhecera outrora. Pessoas que amavam e que lhe tinham amado. Pareciam chorar algumas, outras demonstravam estar em paz. A alma olhava aquelas pessoas e tentava toca-las, mas não conseguia. Nem o choro conseguia ser proferido, apenas um gemido frio e sem sentido saía de sua boca. Sem dúvida aquilo machucava muito a pobre alma, pois, ela podia perceber que aqueles a quem um dia amou não poderiam mais ser alcançados e que ele estava totalmente sozinho, mesmo rodeado.
Nesse momento o homem prostrou-se diante da alma e pode olhar no fundo dos seus olhos. Tudo então fazia sentido! Ele conseguiu ver um vídeo dos últimos momentos de sua vida através dos olhos daquela pobre alma. Percebera, mais, que estava ali, pois tirara sua própria vida e agora estava colhendo os frutos de seu ato impensado e desesperado.
Com uma arma na mão dera um tiro na cabeça e fugira do sofrimento que o assolava, mas não conseguira perceber que iria para aquele lugar pútrido é fétido e que o sofrimento “post mortem” poderia ser bem pior.
Mas era tarde demais para arrependimentos e aqueles que guardavam aquele lugar vieram, por fim, busca-lo para que pudesse encontrar a sua vida de punições a que ele mesmo se submetera.
Chegando perto do mar de fogo em que ia ser jogado ele sentiu algo tocar seu braço com força, sua vista ficou turva e ele percebera que, em meio a tudo aquilo, tudo não passava de um sonho, um transe psicótico que ele mergulhou quando estava com a arma engatilhada, virada para sua cabeça.
Quando acordou procurou em volta a mão que havia puxado seu braço, mas tudo o que pode ver foi uma poça de lágrimas abaixo de seu queixo e o quarto vazio que fora seu companheiro durante quase toda uma vida.
Ainda que tudo aquilo fosse inexplicável, ou seja, quem teria segurado seu braço, ele sabia que tudo aquilo deveria ter uma explicação e a explicação era a seguinte: “Ele tinha uma segunda chance de fazer as coisas diferentes”. Mais que isso, ele sabia que nenhuma dor se compararia aquilo            que ele havia presenciado em seu sonho.
Nesse momento ele desmuniciou a arma, enxugou as lágrimas, abriu a janela e, pela primeira vez na sua vida pode ver a luz do Sol e as cores do mundo.


terça-feira, 10 de julho de 2012


LAPSO DE RAZÃO





Às vezes parece que a gente vive uma cegueira eterna quando tem um rápido lapso de razão.

Percebemos que os dias nada mais foram do que nuvens de sonhos que se dissiparam com o vento e nada deixaram.

Isso pode ser muito perigoso pois quando alicerçamos nossa vida no terreno arenoso dos sonhos, corremos o risco da construção não ser sólida o suficiente para aguentar a mais dura tempestade.

Não afirmo que não seja bom sonhar. Pelo contrário, acredito que os sonhos sejam o que impulsiona a vida.

Mas mantê-los como base da vida é uma roleta russa. Durante muito tempo em vivi sonhos que não pude realizar e colho muitos frutos disso.

Hoje, com o pé mais no chão consigo perceber que poderia muito bem mesclar o terreno arenoso dos sonhos com a base sólida da razão.

Aí sim teria um material mais resistente a qualquer tempestade.

Sonhar é bom sim! A partir dos sonhos podemos traçar os objetivos que nossa vida fora deles vai vivenciar.

Se usássemos a vontade que temos de sonhar para impulsionarmos a nossa vida, talvez não houvesse tanto sofrimento no mundo.

Existem muitos sonhos bons, que acrescem muito a nossa existência, mas viver uma vida a base deles é loucura!

Eu, pelo contrário, não posso me dar ao luxo de querer viver dos meus, já que setenta por cento dos meus são pesadelos.

Não me interpretem mal: sonhem, sonhem sim, sonhem com gosto!

Mas não deixe que esses sonhos iludam seus caminhos.

Na mitologia grega, O deus moldador dos sonhos, Morfeu, filho de Hipnos, o Deus do Sono, era o responsável pelos sonhos das pessoas. Ele costumava assumir a figura da pessoa amada, como exemplo, e povoar os sonhos, dando a sensação de prazer àquela pessoa.

Não se esqueçam que os sonhos representam aspirações nossas, coisas que queremos para nossa vida. Daí minha afirmação de que eles podem servir de incentivo para a engrenagem da vida, mas nunca como pedra de salvação e objetivo a ser seguido cegamente.

 Tenham vocês também seus lapsos de razão.

Eles são saudáveis!

Sei que esse não é um tipo de texto que vocês gostariam de ouvir, mas isso precisa ser dito. Sonhar pode sim ser prejudicial à saúde, desde que não seja feito com moderação.

Eu sonho, tenho pesadelos (os segundos conseguem me influenciar mais do que os sonhos propriamente ditos). Meus sonhos, pois mais raros que sejam, servem hoje de base para o que eu procuro de bom para minha vida.

Mas hoje minha filosofia se resume a: “menos sonho, mais razão”.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

“ASAS DE CERA”





A gente constrói a nossa vida com base nas nossas atitudes e desenvolve nosso caminho a partir disso.

Algumas pessoas tentam fugir disso tudo ou, ainda, alçam voos tão altos que a queda é inevitável.

Ao longo de nossa vida, desde os primeiros dias de existência até o “inverno” da idade, desenvolvemos a necessidade de querer sempre mais, de poder voar e, para isso, para fugir da prisão que é a vida (para alguns), usamos de artifícios nem sempre seguros ou confiáveis.

Para isso, construímos, a exemplo de Ícaro, asas de cera para que consigamos, dessa forma, transpor os muros da limitação.

Mas assim como Ícaro, o ser humano não estava contando com os contratempos.

O ser humano não aprendeu ainda que nossas asas são de cera e, quanto mais voamos perto do sol, mais forte fica a probabilidade de cairmos e não voltarmos mais a ser o que éramos antes e que talvez ficar dentro do muro fosse, naquele momento, o mais seguro.

Partindo dessa premissa, concito-vos a pensarem comigo:

Seria mesmo uma necessidade premente sairmos de uma zona de conforto para a morte, hipoteticamente falando?

Ou, ainda, seria justo ficarmos amargando o triste gosto da incerteza?

Pensem comigo.

Não estou eu aqui dizendo que devemos ficar, por medo de cair. Longe de mim pregar o comodismo! Pelo contrário.

Mas tomemos cuidado com os voos que alçamos e, para que isso seja um sucesso, devemos ter cautela e pensar bem como qual material construiremos nossas asas.

Com a cera dos sonhos, ou com o metal e a aerodinâmica da sensatez?

Digam-me vocês.

De mim só digo que estou escrevendo esse texto sentindo o calor infernal das asas derretidas nas minhas costas, pois voei muito perto do sol e hoje colho as consequências disso.

Resta saber se ainda tenho tempo para mais um voo.

Seria possível reconstruir minhas asas e voar de novo, sem medo do sol?

Não tenho a resposta para isso e não sei se tentaria de novo, pois a cera quente ainda maltrata minha pele.

Mas vocês que ainda não construíram suas asas, ou, se as construíram e não usaram, pensem bem se não seria interessante mudar o material.

O que vai ser: cera de sonhos ou metal de sensatez?

Agora é com você! Escolha sua asa e voe, mas pense bem. Dependendo da sua escolha, a queda é grande e as queimaduras incuráveis.




terça-feira, 3 de julho de 2012

A MÚSICA QUE FALA POR MIM
Bom pessoal, se eu pudesse descrever minha pessoa, com certeza seria através dessa música. Ela parece ter sido feita para mim. Na verdade eu sempre senti, mesmo sem saber a tradução, como se ela tocasse direto meu coração e me identifiquei logo de cara.


Solitary Shell Dream Theater
He seemed no different from the restJust a healthy normal boyHis mama always did her bestAnd he was daddy's pride and joy
He learned to walk and talk on timeBut never cared much to be heldAnd steadily he would declineInto his solitary shell
As a boy he was considered somewhat oddKept to himself most of the timeHe would daydream in and out of his own worldBut in every other way he was fine
He's a Monday morning lunaticDisturbed from time to timeLost within himselfIn his solitary shell
A temporary catatonicMadman on occasionWhen will he break outOf his solitary shell
He struggled to get through his dayHe was helplessly behindHe poured himself onto the pageWriting for hours at a time
As a man he was a danger to himselfFearful and sad most of the timeHe was drifting in and out of sanityBut in every other way he was fine
He's a Monday morning lunaticDisturbed from time to timeLost within himselfIn his solitary shell
A momentary maniacWith casual delusionsWhen will he be let outOf his solitary shell
Solitary Shell (tradução)Dream TheaterRevisar tradução
 
Ele não parecia diferente do restoApenas um saudável garoto normalSua mãe sempre fez o melhorE ele era orgulho e alegria de seu pai
Ele aprendeu a falar e andar no tempo certoMas ele nunca se importou com proteçãoE firmemente ele declinariaNa sua concha solitária
Como um garoto ele era considerado um tanto estranhoReservado para si mesmo quase todo tempoEle sonharia dentro e fora de seu próprio mundoMas em todas as outras circunstancias, ele estava bem
Ele é um maluco de manhã de segundaPerturbardo de tempo em tempoPerdido consigo mesmoNa sua concha solitária
Um catatônico temporárioLouco de ocasiõesQuando ele conseguirá se livrarDa sua concha solitária?
Ele se esforçou para chegar no seu diaEle estava atrás, sem ajudaEle derramou-se a si própria na páginaEscrevendo horas por algum tempo
Como um homem ele era um perigo para si mesmoMedroso e triste grande parte do tempoEle derrapava entre sanidade e insanidadeMas em todas outras formas, ele estava bem
Ele é um maluco de manhã de segundaPerturbardo de tempo em tempoPerdido consigo mesmoNa sua concha solitária
Um maníaco momentárioCom desilusões casuaisQuando ele sairá daquela concha solitária?

http://www.youtube.com/watch?v=5FVp2rw1BFQ

Todos nós temos aquela música que fala por nós. E você? Qual a sua música?