domingo, 22 de julho de 2012


O VALOR DO SILÊNCIO





Muitas pessoas podem estranhar o que eu estou prestes a escrever, mas ninguém sabe o valor que tem o silêncio.

Na maioria das vezes é melhor um silêncio mortal a uma discussão infinita.

Explico!

Durante muito tempo na vida a gente tenta, muitas vezes em vão, fazer com que as pessoas nos escutem, achando que, sei lá, elas teriam que ouvir. Quando a gente percebe que elas não teriam essa obrigação ou, ainda, não estariam dispostas o suficiente a escutar, o que é, nos dias de hoje, normal e aceitável, pelo menos pela maioria, o choque pode ser muito grande.

Muitas pessoas necessitam de apoteose para satisfazer seus mais fúteis desejos. Algumas outras precisam de coisas simples, como um mero momento de atenção e uma voz que diz “eu estou aqui”.

Mas, não obstante, a gente sabe bem que isso quase nunca acontece! Falar é um exercício muito bom, ouvir é um castigo muito cruel.

Ouvir é chato, tira o foco e faz com que a pessoa crie uma certa dependência com a gente (pensamento da maioria).

“Eu hein, quem disse que eu quero esse chato no meu pé?” (sic)

Quando a gente começa a travar um diálogo que vai resultar num desabafo, a gente é logo podado, o assunto muda e vem aquela resposta que mata: “mas isso sempre aconteceu”, ou, “não sei porque você se preocupa tanto, isso não aconteceu com você” ou, ainda, “procura uma terapia antes que você acabe com tudo que tem”.

Cada vez mais a voz vem se tornando uma coisa inútil.

Nem força para gritar mais a gente tem.

A voz parece ferir mais que um tiro, que uma facada. Parece ofender mais que uma cusparada ou um tapa na cara. Isso falando de um reles desabafo, um pedido velado de ajuda.

Cada dia que passa o silêncio vem tendo mais valor, vem se tornando nosso melhor amigo.

A partir do silêncio a gente consegue desenvolver um diálogo com quem mais nos ama: “nós mesmos”.

Hoje, mais do que nunca, eu consigo ver que o meu silêncio vale mais do que qualquer outra coisa nesse mundo. É, de fato, meu mais leal companheiro, que diz tudo que quero ouvir (não que isso seja o que eu busque, mas apenas acredito que as pessoas poderiam ser menos “agressivas” ou “insensíveis” ao dizer isso), que me entende e que não me manda procurar terapia.

Meu silêncio vale muito mais do que eu imaginava que valesse, principalmente nos dias de hoje.

Aproveitando a deixa, recordo-me de um texto que escrevi a respeito de uma frase que eu escutei há algum tempo e, de fato, ainda venho escutando: “ser feliz ou ter razão?”.

Lembrando, sempre, que o caminho para a pretensa felicidade é inversamente proporcional ao da busca pela razão.

Eu percebi que, tentando fazer com que todos me escutassem, minha angústia só aumentava e minha felicidade ficava cada vez mais distante de mim e minha voz, cada vez mais tinha medo de sair.

Mas você, caro amigo que agora lê esse texto, pode estar se perguntando: “mas vale mesmo a pena se isolar tanto assim?”.

Eu não saberia te responder essa pergunta...

Só o que eu sei é que eu cansei de tentar expor o que me incomodava e tentar fazer com que as pessoas entendessem que eu também sou feito de carne e osso, eu sofro, eu choro, eu fico aflito. Não sou o cara piadista o tempo todo!

O que eu pedi esse tempo todo não era que as pessoas tivessem pena de mim, muito pelo contrario, na verdade eu abomino esse tipo de atitude.

Apenas que entendessem que eu também tenho meus momentos e que eu gostaria muito de poder contar o que me aflige sem ser duramente criticado e até ridicularizado.

Como ninguém quer saber desse lado, eu optei pelo silêncio. Não conto mais nada, não demonstro mais nada. Apenas me calo diante disso tudo.

Mas não quer dizer que eu não continue a sentir!

Pelo contrário. Sei que o começo será muito difícil, mas esse me parece o único caminho viável para que eu sobreviva de pé.

Assim como Jonas, eu sei que nada vai mudar e eu quero ser feliz... ainda que tenha que, para chegar a isso, calar-me.

Se é assim que tem de ser, assim será!


6 comentários:

  1. Sempre haverá uma pessoa especial o suficiente que queira lhe ouvir com amor. Não sei se no seu lugar eu desistiria... de repente essa única pessoa, valha a pena por todo o resto...

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    1. Caro(a) Amigo(a):
      Sei que sempre haverá alguém por quem valha a pena manter a cabeça erguida, mas algumas vezes o cansaço é tão grande que a gente simplesmente não consegue enxergar isso. Sei que essa é a metade do caminho para perder aqueles que nos admiram de verdade. è um risco enorme que a cegueira da solidão não nos permite perceber. Mas sempre é tempo de voltar atrás e refazer alguns passos! Esse é o caminho! Abraço

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  2. Olhe ao seu redor...uma pessoa te quer bem e vai estar sempre ao seu lado, para o que precisar, sem cobranças e sem julgamentos!

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    1. Caro(a) Amigo(a).
      Obrigado pelo apoio e pelas palavras de carinho! Abraços e por favor, deixe o nome, afinal de contas, estamos entre amigos!
      Abraços

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  3. Confúcio, um filósofo chinês, disse: “o silêncio é um amigo que nunca trai"... Ele estava certo. Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo. Todavia digo-o, não desacredite em todo mundo. Ainda podem existir pessoas que queria te ajudar ouvindo, ou oferecer um afago, Tanto o seu silencio quanto os dos outros podem trazer (ou evitar) verdades terríveis. Também de nada vale as palavras se não é compreendido o silêncio. Talvez esteja evitando muito que possa te atrasar nessa nova busca, e talvez, esteja perdendo oportunidades e avançar um pouco mais sem obstáculos... O Silêncio pode ser bem claro, mas não indicam uma tentativa de entendimento. Se você quiser ser entendido, procure as pessoas certas. Como? Analisando-as. Ou espere que elas venham até você. ~dob~

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  4. Caro(a) amigo(a):
    Diante dessas considerações fica até dificil comentar! O mais legal de se escrever textos (sem nenhuma pretensão) é que os comentários engrandecem mais e enroquecem sobremaneira seu conteúdo! Confúcio mais uma vez tinha razão, o silêncio pode ser nosso melhor amigo, ele não trai, mas também pode significar uma arma assaz perigosa, pois, como ele mesmo disse, as pessoas podem querer nos ajudar com a simples ação de ouvir. Mas como disse anteriormente, de momentos é feita a vida e eu tive (e de fato ainda tenho) os meus. O silêncio é primordial às vezes ainda mais perante quem não quer, não pode ou não tem paciência para ouvir! Obrigado pelas lindas palavras! abraço e deixe o nome da próxima vez, adoraria saber a identidade das pessoas que tem engrandecido em muito meu singelo espaço.
    Leandro

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