sábado, 20 de junho de 2015

ESCOLHI FALAR SOBRE MIM 

Certa vez uma pessoa me disse que eu era um corajoso e ao mesmo tempo inconseqüente por falar tão abertamente sobre minha depressão.

Eu acredito que, desde que descobrimos esse mal absurdamente degradante temos que tomar alguma postura, seja ela procurar um tratamento, lidar com isso de forma direta ou as duas coisas.

No meu caso não tive muita escolha que não fosse o tratamento. Porém isso não me impediu de lidar com tal situação de forma adulta e ao mesmo tempo arriscada.

As pessoas não estão preparadas para lidar com a depressão, seja ela própria ou de algum amigo ou parente.

Uma simples conversa pode se tornar um problema incalculavel e deixar a questão muito mais complicada do que já é.

Ter depressão e falar abertamente disso é se sujeitar a uma analise constante daqueles que o rodeiam. As pessoas não entendem muito o fato de que as vezes tudo o que você precisa é tao somente desabafar, um ombro amigo, enfim. Nem sempre a depressão leva a vontade constante de morrer ou fugir da vida, como muitos pensam.

Eu já me deparei com isso e, dado o estado atual de evolução da minha doença eu até sei lidar com isso de forma mais madura.

Mas nem sempre foi assim.

Já sofri muito com isso. Ao longo da minha vida eu encontrei pessoas que faziam questão de dizer o quanto eu era uma pessoa ruim.

Na verdade isso era ate certo ponto desnecessário, pois a própria depressão se encarrega de mostrar esse lado nefasto de exacerbada autocrítica desconstrutiva, todo santo dia.

Gosto de frisar que eu eu sempre ouvi o quanto eu era uma pessoa ruim. 

Talvez tenha ouvido isso das pessoas erradas, mas o mérito da questão é que eu ouvi e sei o quanto isso machuca.

Mas a vida é uma eterna reflexão e um exercício constante de superação das coisas mais insignificantes para alguns.

Eu decidi falar sobre mim, sobre meus sentimentos, tristezas e aflições mesmo sabendo que não serei compreendido na maior parte das vezes.

Mas é a minha vida. Eu sou assim e ao contrario do que muitos podem pensar eu luto constantemente contra os demônios que habitam minha cabeça me dizendo diariamente que eu terei apenas mais um dia de falhas na minha vida.

Eu não costumo dar ouvidos a eles e a maior prova disso é que sigo falando de mim, sobre mim e para mim.

Assim posso entender um pouco mais sobre essa nefasta característica que me foi dada e com a qual preciso lidar diariamente.