“LIVRE
DO PASSADO”
Por
alguns anos de minha vida (os quais eu considero não ter vivido tão bem quanto
eu deveria ou poderia) eu fiquei atrelado a um passado que não me pertencia
mais.
Quer
dizer, pertencia por que fez parte da minha vida, mas dediquei muito do meu
tempo e do intelecto com ele.
Primeiro
porque alimentei uma mágoa que só me maltratou esse tempo todo e nenhum
benefício me trouxe, pelo contrário, só serviu de peso nos meus pés, impedindo
que eu avançasse cada vez mais em direção ao horizonte.
Cada
decepção ou tristeza que eu passava parecia um prego que me atrelava a uma cruz
gigante, da qual eu não conseguia me livrar e que sempre me atrapalhava.
Nesse
tempo, eu deixei de dar valor a quem realmente merecia e afastei pessoas
maravilhosas que me rodeavam e oportunidades de ouro que me apareceram eu
simplesmente ignorei por medo de novamente ter dobrado o peso da minha cruz.
Disso
me arrependo profundamente, mas livra-se dessa cruz não é tarefa fácil, mas não
é impossível.
Hoje
eu posso dizer que, apesar de algumas cicatrizes desses “pregos” ainda estarem
visíveis nas minhas costas, essa cruz já caiu por terra e eu consigo sentir o
doce gosto da liberdade.
Isso
é uma coisa que deve partir de dentro da gente. Não estou afirmando aqui que
todas as decepções que sofri na vida ou das tristezas que fui obrigado a
presenciar devem ser menosprezadas. Não, isso nunca! A maior hipocrisia que eu
vejo dizerem (e que fique bem claro que essa é uma opinião minha) é aquela
frase pronta “mas poderia estar pior, você não viu o que aconteceu com
fulano?”, ou então, “mas você tá bem, tá com saúde, o que mais quer da vida?”. Desculpem-me
os desavisados de plantão, mas eu consigo ver sim que tem gente pior que eu,
mas ignorar nossas tristezas chega a ser desumano, porque mais tarde podemos
aprender com elas e aquele “luto” passageiro é um momento pelo qual todos nós
devemos passar.
Não
que passar por isso seja legal, ou ainda, “bonitinho de se falar”. Não gente,
eu sofri feito um cão, mas hoje estou de pé e o que quero dizer é que a vida
nos ensina a suportar e que Deus não nos dá um fardo maior do que podemos
carregar. Eu ouvi uma frase uma vez em um filme que era mais ou menos assim:
“Deus não dá alivio para nossas dores, ele dá dores para que possamos aprender
a superá-las”.
Meu
passado foi assim, cheio de tristezas, decepções e um longo período de “luto” e
dores quase descomunais e que, boa parte das pessoas que está lendo isso,
desconhece. Mas hoje acordei desse coma e compartilho com vocês mais essa
experiência.
Se
deu certo ou não? Sei lá! Quem sabe na verdade?
Mas
eu sei que não dava mais pra ficar com aquele peso sobre meus ombros e é muito
bom poder sentir de novo o vento e a luz, onde antigamente só se via a
escuridão.
A
estrada é longa, mas pra mim apenas tá começando, afinal de contas, pra mim, o
dia acabou de amanhecer.