segunda-feira, 16 de julho de 2012


O PREÇO DA FELICIDADE





Jonas era um rapaz, um jovem rapaz que andava calmamente, na Avenida Paulista quando avista um antigo amigo da faculdade de Direito. Como fazia tempo que não se falavam, o diálogo não tardou a começar. Em meio a muitas lembranças do passado, o rapaz olha para Jonas e diz:

- Cara, eu me lembro e digo isso a todos, você é o cara mais inteligente que eu conheço! Um grande desperdício, você poderia ser Juiz hoje e, no entanto, olha só você! Cara eu me lembro bem que, enquanto eu precisava me matar, você só lia a matéria, se virava e tirava uma nota melhor que a minha! E hoje olha você! Poderia ser muito mais. Não desista não!

Por um instante Jonas ficou calado e refletiu um pouco sobre as palavras daquele homem. Afinal de contas era visível onde ele havia chegado, estava bem sucedido, com um excelente emprego e uma família.

Não obstante Jonas estivesse estavelmente estabelecido, nada daquelas palavras fazia sentido e ele sabia exatamente por qual razão.

A felicidade das pessoas tem valores distintos.

Para Jonas, nada daquilo poderia representar sua verdadeira felicidade.

Ele havia aprendido, ao longo de sua vida, a apreciar as coisas simples. Mas sentiu-se mal, por um instante. Sentiu-se diferente. De fato, muita coisa acontecer na sua vida e o fizera mudar o pensamento. Não se considerava um cara tão inteligente assim. Mas enquanto ainda refletia sobre as palavras do amigo, foi interrompido com mais uma afirmação:

- O que te queimava era o fato de você não acreditar em você, não querer crescer, sempre se colocar para baixo.

Isso foi o limite para ele.

De fato era um cara que não acreditava muito nele, mas não por nada, apenas achava que não era tudo isso que as pessoas diziam e isso se chamava humildade, o que muita gente confunde com baixa autoestima.

O ego do ser humano necessita constantemente ser massageado. Algumas pessoas necessitam constantemente de autoafirmação, uma busca incessante que esbarra na própria felicidade.

Jonas não precisava disso!

Ele acreditava que o homem poderia ser feliz apenas ouvindo os sons da natureza. Jonas trabalhava, ganhava seu dinheiro de forma honesta e levava sua vida do jeito que dava e estava satisfeito com isso, sem a necessidade de um cargo para que as pessoas o vissem como “o cara inteligente que só poderia resultar nisso”.

A grande verdade é que as pessoas não querem saber o que você pensa, como se sente.

Elas conseguem enxergar apenas o invólucro do seu corpo, o que está por fora.

Dentro ninguém conhece.

Por mais que Jonas gostasse de seu amigo, e de fato gostava muito, estranhou aquelas palavras e lamentou que tenha traído as expectativas de seu amigo, muito embora não tivesse nenhuma obrigação para com ele. Mas mesmo assim lamentava. Não estava triste, com raiva. Apenas lamentava que ainda pensassem assim.

Concluiu ele então que a felicidade tem preços diferentes. Para seu amigo talvez seja um cargo, uma imagem importante.

Para ele não! Um passei numa tarde ensolarada, porém fria, na Avenida Paulista fazia um bem danado! E sabia ele que, por mais que sempre houvesse sonhado com o cargo de Juiz (o que de fato era seu sonho), sabia que não era certeza que fosse feliz assim. Mas vivia bem, estava feliz com as coisas simples que poderia colher da vida: um bom livro, um bom café, uma boa conversa. Pessoas simples e engraçadas. Um barzinho com banda ao vivo. Um bom filme. Noite do cinema, queijo e vinho! Assistir ao super bowl onde o jogo é decidido no ultimo minuto. Manhãs de domingo ensolaradas. Noites de sábado frias com fondue. Tardes de domingo quentes com churrasco. Isso sim lhe dava felicidade!

Claro que poderia ele ser mais feliz, sim, mas isso é uma eterna busca e não era o fato de ter mais dinheiro ou um cargo importante que faria com que isso acontecesse.

Após se despedir do amigo, Jonas fitou-o pelas costas e disse: “Espero que um dia ele aprenda a encontrar a felicidade nas pequenas coisas” e levou sua vida adiante.

Antes de voltar para casa, em frente ao Shopping Paulista olhou para a Avenida Paulista em sua plenitude e grandiosidade e pode ver o por do sol. O dia estava ensolarado e terrivelmente frio, o que fez com que aquilo se tornasse uma das cenas mais lindas que já presenciara em sua vida.

Naquele momento abstraiu tudo de sua mente, sentiu a brisa fria em seu rosto e, observando aquela cena deixou escapar uma pequena lágrima.

Afinal de contas, não precisava ir à praia ou ao campo, mas ali mesmo, na cidade que ele tanto amava ela conseguia ser feliz com tão pouco.

Depois disso, voltou para casa e pode ver que era, de fato, feliz, com o pouco que tinha.



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