AMOR E PERFEIÇÃO
As
semanas que antecederam a escrita desse texto não foram fáceis e há uma forte
probabilidade de a que entra também não ser.
Em
função disso venho mergulhando em pensamentos e discussões subconscientes que
me obrigam a refletir sobre vários setores da minha vida.
Já
disse isso em situações anteriores e repito nesse momento: sou uma pessoa extremamente
musical e acredito cegamente que, quando Nietzsche disse: “a vida sem música
seria um erro” ele estava coberto da mais irrefutável razão.
Eu
disse isso basicamente para ilustrar como vem sendo meus momentos de “bad” e
reflexão. Peter Gabriel disse em sua Musica “In Your eyes” que: “quando eu quero fugir eu pego meu carro e
saio dirigindo”. Obviamente eu parafraseei, mas apenas para que vocês
consigam visualizar essa situação.
Tenho
dirigido muito. Sem rumo. Apenas para ouvir musica e pensar um pouco na vida.
Um dia desses, eu estava em alguma altura da Avenida dos Bandeirantes quando de
repente Renato Russo grita nos autofalantes do carro:
“Tentando pintar essas flores
como o nome de amor-perfeito e não-te-esqueças-de-mim”
Definitivamente
eu não sou a pessoa mais adequada para dissertar sobre o amor. Definitivamente.
Durante
muito tempo eu neguei veementemente a existência desse sentimento chamado “amor”.
Tive meus motivos, os quais obviamente não vem ao caso.
Mas,
se eu já repelia a existência do amor, o que se diria sobre o “amor perfeito”?
Não é possível atribuir perfeição a algo inexistente, concordam?
Porém,
na volta daquela viagem psicodélica pelas avenidas de São Paulo eu refleti
muito sobre esse assunto.
Em
primeiro lugar não posso, evidentemente, negar a existência do amor, pois eu
cheguei à conclusão que ele de fato existe. Mas o amor perfeito ainda me
deixava um pouco receoso.
Pensei
em diversas situações que podem despertar um sentimento inexplicavelmente bom
em quem as experimentam, apesar de bobas e de certa forma pueris, mas que não
podem significar outra coisa que não seja isso que todos chamam de amor.
Exemplifico:
Aquela ansiedade por pegar o celular de cinco em cinco minutos para saber se
chegou aquela mensagem; o coração acelerado ao, após enviar aquela mensagem “cheguei”
vir a resposta “estou descendo” ou “já estou te esperando”.
Pegar
o celular de madrugada e ficar revendo as fotos do “sorriso” e do “olhar” e
sorrir de volta como se a pessoa estivesse cara a cara conosco. Perceber características
que a pessoa achava que não tinha, descobri-las e se apaixonar mais ainda após
conhecer esse lado que até então estava escondido. Sentir aquele arrepio toda
vez que ouve a voz da pessoa.
Não
consigo encontrar outra palavra para definir tudo isso que não seja amor. Mas ainda
não posso chamar isso de “amor perfeito”.
Amor
e perfeição são coisas - em um primeiro momento - diferentes, mas que podem vir
a se completar. Ou se repelir.
Muitos
confundem “amor eterno” com “amor perfeito”. Um engano muito comum, se pararmos
para pensar.
Pois
o amor não demanda um longo período de existência. Podemos amar intensamente em
um curto espaço de tempo e nem por isso esse amor deixa a desejar em relação a
essa “eternidade” de sentimento. Pode ser mais intenso e mais avassalador? Sim,
pode. Mas nem por isso é perfeito.
“Amor
perfeito” não é aquele onde “não se espera nada em troca”. Podemos amar sem
esperar retribuição ou esperar algo de volta. Não se pode limitar ou restringir
as maneiras de amar. Amor é amor e só. Não existe uma fórmula para o amor. Ele
apenas acontece! Mas podemos fazer com que esses momentos sejam perfeitos e
essa é a diferença dos amores que constroem e daqueles que levam um pedaço de
nós quando vão embora.
A
perfeição, por sua vez, está ligada a todo esse sentimento na medida em que,
perfeito é ter a capacidade de amar. Não um tipo de amor específico, mas ter o
poder de avistar a pessoa vir em sua direção e quase ter uma parada
cardiorrespiratória, sentir as mãos suando e o estomago revirando.
Poder
sentir isso é o que nos torna perfeitos meus amigos. A capacidade de amar faz
com que sejamos perfeitos. Perfeição é dedicar todas suas forças àquele amor,
àquela pessoa e conseguir sentir um prazer inenarrável. Sentir-se bem com o
sorriso do outro.
Perfeição
é, mesmo em meio ao silencio, lembrar daquela pessoa, onde quer que esteja, o
que quer que esteja fazendo, mesmo que ausente há tempos. É demonstrar que
mesmo longe, estará sempre “ali” na distancia de uma mensagem de texto. Lembrar
dos momentos bons e sorrir por ter a capacidade de amar.
Perfeição
é deixar que o amor nos faça sorrir mesmo quando o coração está em pedaços,
apenas para que a pessoa continue sorrindo.
Eu
arriscaria dizer, finalmente, que se for possível existir um “amor perfeito”,
podemos defini-lo como aquele que consegue fazer com que nos sintamos pessoas
melhores em função desse sentimento. Que muda nossa vida para sempre e que
devolve a juventude que o tempo leva embora diariamente, independente de algum
sentimento em troca.
A
grande dadiva do universo está nisso: amar aquele amor que traz a perfeição que
muda nossa forma de enxergar o mundo em volta e que carrega com ela as cores
que ficaram perdidas pelo caminho.
Isso
é amar. Isso é ser perfeito.
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