domingo, 10 de abril de 2016


AMOR E PERFEIÇÃO

 

 

As semanas que antecederam a escrita desse texto não foram fáceis e há uma forte probabilidade de a que entra também não ser.

Em função disso venho mergulhando em pensamentos e discussões subconscientes que me obrigam a refletir sobre vários setores da minha vida.

Já disse isso em situações anteriores e repito nesse momento: sou uma pessoa extremamente musical e acredito cegamente que, quando Nietzsche disse: “a vida sem música seria um erro” ele estava coberto da mais irrefutável razão.

Eu disse isso basicamente para ilustrar como vem sendo meus momentos de “bad” e reflexão. Peter Gabriel disse em sua Musica “In Your eyes” que: “quando eu quero fugir eu pego meu carro e saio dirigindo”. Obviamente eu parafraseei, mas apenas para que vocês consigam visualizar essa situação.

Tenho dirigido muito. Sem rumo. Apenas para ouvir musica e pensar um pouco na vida. Um dia desses, eu estava em alguma altura da Avenida dos Bandeirantes quando de repente Renato Russo grita nos autofalantes do carro:

“Tentando pintar essas flores como o nome de amor-perfeito e não-te-esqueças-de-mim”

Definitivamente eu não sou a pessoa mais adequada para dissertar sobre o amor. Definitivamente.

Durante muito tempo eu neguei veementemente a existência desse sentimento chamado “amor”. Tive meus motivos, os quais obviamente não vem ao caso.

Mas, se eu já repelia a existência do amor, o que se diria sobre o “amor perfeito”? Não é possível atribuir perfeição a algo inexistente, concordam?

Porém, na volta daquela viagem psicodélica pelas avenidas de São Paulo eu refleti muito sobre esse assunto.

Em primeiro lugar não posso, evidentemente, negar a existência do amor, pois eu cheguei à conclusão que ele de fato existe. Mas o amor perfeito ainda me deixava um pouco receoso.

Pensei em diversas situações que podem despertar um sentimento inexplicavelmente bom em quem as experimentam, apesar de bobas e de certa forma pueris, mas que não podem significar outra coisa que não seja isso que todos chamam de amor.

Exemplifico: Aquela ansiedade por pegar o celular de cinco em cinco minutos para saber se chegou aquela mensagem; o coração acelerado ao, após enviar aquela mensagem “cheguei” vir a resposta “estou descendo” ou “já estou te esperando”.

Pegar o celular de madrugada e ficar revendo as fotos do “sorriso” e do “olhar” e sorrir de volta como se a pessoa estivesse cara a cara conosco. Perceber características que a pessoa achava que não tinha, descobri-las e se apaixonar mais ainda após conhecer esse lado que até então estava escondido. Sentir aquele arrepio toda vez que ouve a voz da pessoa.

Não consigo encontrar outra palavra para definir tudo isso que não seja amor. Mas ainda não posso chamar isso de “amor perfeito”.

Amor e perfeição são coisas - em um primeiro momento - diferentes, mas que podem vir a se completar. Ou se repelir.

Muitos confundem “amor eterno” com “amor perfeito”. Um engano muito comum, se pararmos para pensar.

Pois o amor não demanda um longo período de existência. Podemos amar intensamente em um curto espaço de tempo e nem por isso esse amor deixa a desejar em relação a essa “eternidade” de sentimento. Pode ser mais intenso e mais avassalador? Sim, pode. Mas nem por isso é perfeito.

“Amor perfeito” não é aquele onde “não se espera nada em troca”. Podemos amar sem esperar retribuição ou esperar algo de volta. Não se pode limitar ou restringir as maneiras de amar. Amor é amor e só. Não existe uma fórmula para o amor. Ele apenas acontece! Mas podemos fazer com que esses momentos sejam perfeitos e essa é a diferença dos amores que constroem e daqueles que levam um pedaço de nós quando vão embora.

A perfeição, por sua vez, está ligada a todo esse sentimento na medida em que, perfeito é ter a capacidade de amar. Não um tipo de amor específico, mas ter o poder de avistar a pessoa vir em sua direção e quase ter uma parada cardiorrespiratória, sentir as mãos suando e o estomago revirando.

Poder sentir isso é o que nos torna perfeitos meus amigos. A capacidade de amar faz com que sejamos perfeitos. Perfeição é dedicar todas suas forças àquele amor, àquela pessoa e conseguir sentir um prazer inenarrável. Sentir-se bem com o sorriso do outro.

Perfeição é, mesmo em meio ao silencio, lembrar daquela pessoa, onde quer que esteja, o que quer que esteja fazendo, mesmo que ausente há tempos. É demonstrar que mesmo longe, estará sempre “ali” na distancia de uma mensagem de texto. Lembrar dos momentos bons e sorrir por ter a capacidade de amar.

Perfeição é deixar que o amor nos faça sorrir mesmo quando o coração está em pedaços, apenas para que a pessoa continue sorrindo.

Eu arriscaria dizer, finalmente, que se for possível existir um “amor perfeito”, podemos defini-lo como aquele que consegue fazer com que nos sintamos pessoas melhores em função desse sentimento. Que muda nossa vida para sempre e que devolve a juventude que o tempo leva embora diariamente, independente de algum sentimento em troca.

A grande dadiva do universo está nisso: amar aquele amor que traz a perfeição que muda nossa forma de enxergar o mundo em volta e que carrega com ela as cores que ficaram perdidas pelo caminho.

Isso é amar. Isso é ser perfeito.

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