“Angelique”
E
então, Angelique não mais lhe respondia.
Não
sabia por qual razão, mas ela simplesmente o ignorava, era indiferente a
qualquer tentativa de contato dele.
Isso
o matava aos poucos.
Angelique
era tudo o que ele sempre havia sonhado, a mulher de seus sonhos, aquela que o fizera
descobrir o amor que nunca tivera.
Agora
sua imagem esvaía-se em meio às memórias que tinha dos momentos em que passaram
juntos.
Ela
aparecera em sua vida da forma mais linda possível, no momento em que ele
estava mais descrente de que qualquer sentimento bom fosse possível acontecer
na sua vida.
No
entanto, “como um anjo” ela estava lá para provar o contrário.
E
naquele momento ele sabia que os dois deveriam ficar juntos... e ficaram.
Mas
a vida dele era complicada demais e ele sabia que mais cedo ou mais tarde ela
não suportaria ficar ao seu lado.
Ainda
assim, ele a amava e aproveitava cada momento com ela.
Ele
conseguia enxergar nos olhos dela seu futuro, sua vida, o significado do amor,
aquele amor que nunca conhecera. Era feliz ao seu lado e pretendia faze-la a
pessoa mais feliz do mundo.
Cada
vez que a encontrava era mágico!
Os
dois se completavam de tal forma que ele não poderia acreditar na finitude de
algo tão belo. E então, perdia-se naquele momento, esquecendo o mundo e vivendo
apenas Angelique.
E
os dias foram passando e ele cada dia mais apaixonado.
Mas
não fizera o suficiente para que Angelique se sentisse segura ao ponto de
acreditar que ele queria de fato ter uma vida com ela. Ele tinha planos, queria
ficar com ela o quanto antes e para sempre.
Mas
a vida sempre conspirava contra.
E,
por dentro, ele morria um pouco mais a cada dia, pois o que mais queria nessa
vida era poder viver Angelique em sua plenitude, sem nenhuma outra preocupação.
Por
muito tempo ela foi a razão de sua medíocre existência. Aquela pessoa pela qual
valeria a pena viver e morrer.
A
cada vez que se despedia de Angelique, parecia perder dez anos de vida, rumo a
uma morte lenta, injusta e dolorosa.
Sentia-se
preso sem Angelique, limitado ao seu mundo de pura tristeza e angustia solitária.
Vivera
sozinho até aquele momento e Angelique fora a pessoa que lhe dera sentido à
vida.
Mas
com o passar dos dias o comportamento de Angelique fora mudando e ela, por
certas vezes arredia, parecia abandonar o sentimento que ele achava ser
vivenciado por ela.
Ele
já havia se dado conta disso.
Apesar
das inúmeras tentativas de consertar aquela situação, Angelique parecia
desaparecer a cada dia, como a neblina da manhã desaparece com os primeiros
raios de sol.
Ela
não mais respondia suas mensagens, não atendia o telefone, ou, então, atendia o
telefone e desligava.
Ao
ser indagada Angelique era arredia, parecia com seu olhar profundo acusa-lo de esconder
seus verdadeiros intentos para com ela. Mas os verdadeiros intentos dele eram:
ter uma vida ao seu lado e fazer dela a pessoa mais feliz do mundo.
Angelique,
por sua vez, também já havia se decepcionado na vida e ele entendia sua
resistência em relação a alguns fatores que tornavam o relacionamento deles uma
montanha russa, do topo da felicidade, para o túnel das duvidas.
Ele
achava que poderia mudar a cabeça de Angelique e procurou as melhores formar de
lhe explicar.
Mas
ela, por fim, cansara-se.
Não
poderia mais suportar a dificuldade que era a vida daquele homem. Como diria a
música, a vida dele era tão confusa quando “a América Central” e ela não
esperaria que as nuvens saíssem de cima da cabeça deles.
Ela
precisava cuidar da própria vida, encontrar seu grande amor e ele não faria
parte desse grande plano.
Por
isso ela sumira, no entendimento dele.
Ele
até entendia tudo isso.
Mas
o que mais machucava e trazia uma dor lancinante para o coração daquele homem
era o fato de, em sua ultima conversa, ela se referir a ele como “uma pessoa
especial” ou, ainda, “a melhor pessoa que ela já havia conhecido”.
Tão
especial e uma pessoa tão boa que não mereceu nem uma explicação sobre aquela
situação, ela apenas preferiu ignora-lo.
A
partir desse momento, resolvera deixar Angelique ir.
Talvez
ela não suportara a vida que ele levava e o fato de nunca ter amado ninguém
como amava Angelique.
Ele,
de fato não sabia o que acontecia, mas deixaria Angelique ir.
“Se
você ama alguém, deixe que vá”! Ficava repetindo isso com frequência, como
forma de apascentar seu sofrimento.
Sofrimento
que não parecia ter fim...
Enxergava
Angelique em tudo.
Mas
ele sabia que não tinha sido “especial” o suficiente para cativar Angelique.
Não
a ponto de fazer com que ela acreditasse que poderia ser de fato feliz ao lado
daquele homem. Na verdade ele já duvidava se teria feito Angelique feliz algum
dia.
Era
um homem muito misterioso que tivera um passado de desilusões e desencontros,
fugindo de situações e procurando sempre sua zona de conforto. Talvez Angelique
não precisasse disso e por essa razão, por achar que ele jamais deixaria sua “zona
de conforto” ela não achasse interessante permanecer ao lado de alguém assim.
Isso
ele também entendia perfeitamente.
Mas
não entendia o fato de ela ter optado por, simplesmente, sumir daquele jeito.
Ele
não tinha mais forças para busca-la, para alcança-la.
Mas
apesar de tudo aquilo, seu coração doía por saber que, naquele exato momento
ela poderia ter encontrado a felicidade nos braços de alguém que lhe oferecesse
tudo o que ele não foi capaz de oferecer.
Mas,
em contrapartida, ela merecia ser feliz. Deveria seguir adiante.
Angelique
era uma linda mulher, inteligente, sedutora e cativante. Não seria nenhum
absurdo pensar que ela pudesse ter encontrado alguém.
Ela
merecia isso, por tudo o que havia representado em sua vida. Apesar de tudo,
era ela uma pessoa maravilhosa que marcou sua vida de forma tão efetiva que ele
não sabia como viveria sem ela.
Ainda
relutante em virar essa pagina ele lembrou dos melhores momentos ao lado dela. De
como fora feliz e de como ela havia feito dele o homem mais feliz do mundo.
E
ela, por sua vez, nunca foi e nunca será tão amada por outro homem enquanto
viver.
Disso
ele tinha certeza! Nenhum outro homem seria capaz de amar Angelique como ele
havia amado.
Isso
tonava sua dor menos insuportável.
Mas
ainda doía muito lembrar das juras de amor feitas por ela e de que, apesar
disso tudo, ela tenha sumido dessa forma, estivesse tão indiferente.
O
amor por Angelique talvez nunca acabe, assim como a tristeza por saber que
nunca mais a veria e que ela poderia ser feliz ao lado de outro homem.
O
que fica agora é a lembrança das palavras “você é uma pessoa muito especial”.
Especial?
Não
o suficiente a ponto de merecer, ao menos, um Adeus.
FIM.
Me senti uma personagem desse texto. Com pequenas mudanças em alguns contextos.
ResponderExcluirDinda.
Lindo texto.
ResponderExcluirO amor não correspondido é o que causa maior dor.
Por mais que amemos alguém, esse sentimento é insuficiente para dois.
Nos resta amar enquanto não nos envenenarmos com tanta amargura que a rejeição causa.
Que um dia você supere e permita-se amar de novo.